quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Saudades...

Dizem que a saudade é a marca, o sinal de que algo que passou valeu a pena. 
Saudades é algo interessante, incomum, inexplicável.
Quanto mais o tempo passa, mais ela aumenta. 
Mas parece que diminui quando muito tempo já passou, 
como se o coração preenchesse o espaço que algumas pessoas deixaram, com outras. 
Outros rostos, outros sorrisos, outros momentos, outras histórias.

É como se fosse a continuação de um filme onde você é o personagem principal,
Mas se alterou todo o resto do elenco, o cenário...
Talvez tenha mudado até o gênero. Dessa vez com menos comédia e mais drama.
Talvez a primeira parte do filme tenha terminado sem sentido.
Não da para acreditar que acabou.
Ainda não “caiu a ficha”. Talvez nunca caia.
Mas sempre existirá aquela mistura de sensações.
Em uma parte, que tudo isso valeu a pena.
Em outra, aquele arrependimento de algo que deixou de fazer
ou algo que deixou de falar pra alguém.
E claro, saudades. Muita saudades.

Saudades de quando eu esperava pelas férias, 
tendo a certeza de que no ano seguinte tudo iria se repetir. 
De quando ficava ansioso e pensava:
“será que entrou algum aluno novo?” 
De quando odiava ter que ficar até mais tarde na escola para “fazer trabalho”, 
mas na realidade nunca era muito produtivo, 
porque a gente ficava mais conversando e bagunçando,
e as pesquisas e experiências sempre ficavam prontas 
um dia antes (ou depois, rs) da apresentação. 
Saudades das vezes que me pediam para deixar copiar a tarefa, 
e eu sempre falava: 

“não copia igual”, ou “eu inventei tudo, tá errado”, 
mas no final copiavam do mesmo jeito. 
O conforto era saber que mesmo não tendo acertado nenhuma questão, 
não o fez sozinho.

Sozinho: essa palavra dificilmente aparecia em nossa classe. Uma sala unida, amiga e inseparável. Talvez por isso mesmo já tenhamos feito várias vezes um momento de consagração e despedida. Na formatura, na pizzaria, no boliche, na casa de algum professor, no shopping. O mais difícil é se conformar de que acabou mesmo, mas nem nessa dificuldade estamos sozinhos, pois sabemos que todos sentiremos saudades.

Saudades de escrever qualquer coisa na prova 
pra ver se ganhamos pelo menos um meio certo, 
e ao ganhar, mostrar pros outros a “linguiça” que escrevemos.
É fácil inventar respostas para perguntas de Biologia, ou de História. 
Mas não dá para inventar respostas para as perguntas do coração.
Por que precisamos mesmo nos separar? 
É difícil entender e aceitar o nunca mais. 
Mesmo com os reencontros, nunca mais vai voltar a ser o que era.
Nunca mais vamos juntos ouvir um aluno imitando (ou tentando imitar) 
um professor, ou o Scooby Doo, ou o Silvio Santos.

Nunca mais vamos cantar todos juntos,
(enquanto alguns cantam ópera, outros pagode).
As músicas podem ser diferentes, mas o coração é o mesmo.
Nunca mais vamos rir juntos
daquela piadinha desnecessária que algum aluno fez ao interromper a aula.
Fazer os outros rirem é uma forma de dizer
“eu amo vocês, sua alegria é a minha também”.
Nunca mais vamos ter aquele momento
em que você para de prestar atenção na aula 
para olhar cada um da classe, e começa a pensar:

“é triste, mas um dia vamos nos separar”
“ah...eu vou sentir tanta saudades disso!
          
            Agora acabou.
            Simplesmente acabou.

É indescritível a sensação ao acompanhar o crescimento de alguém. 
Mais indescritível ainda é fazer parte. 

É como diz uma música, que fala algo mais ou menos assim: “é igual ao pássaro que quando aprende a voar, tem que seguir seu rumo e deixar seu próprio lar”. Essa seria uma aproximação do que estamos fazendo agora. Cada um tem uma meta a seguir, um trajeto a percorrer, e para isso é necessário explorar novos horizontes, deixando o local onde estivemos durante anos, e que juntos aprendemos a amar.

Não sei por que não acrescentam um “A” no final da sigla da escola, pois é onde me sinto quando tenho ao lado pessoas que eu amo, e que nunca vou esquecer!

E pensar que hoje mesmo é um dia conta... (22 – 12 = 10)