segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Sertão

Meu sertão
Como podes ser tão belo?
Aconchegante igual castelo
Como podes ser tão vivo?
Em teus campos me cativo

Eu comia de seus frutos
Mas a cidade me engoliu
Hoje nado em mar de gente
Me lembrando do seu rio

Já são águas passadas
Que eu guardava em mim
Mas caíram dos meus olhos
Ao lembrar do seu jardim

Do seu céu...
Do seu ar...
Do seu cheiro e do beijo
Que minha mãe dava na testa ao deitar
E o meu único desejo
Era lembrar do meu sonho ao acordar
Sem me preocupar
Com o que amanhã vou fazer
Eu, que hoje nem sei mais se sonho
Mas se sonho é com você

Meu sertão
Ah...meu sertão!
Como podes ser tão...
Ser tao...
Sertão?

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Valor


Ela sempre pediu cartas
Ele nunca tinha tempo
Sempre pagava hora extra
Pra tentar ganhar aumento

Ela sempre pediu flores
Ele nunca atendia
Dizia que a prioridade
É colocar a conta em dia

E um dia a conta veio
Um acidente a fez morrer
E ele deu tudo o que ela quis
Mas ela nunca pôde ver

Pois o que ele escreveu
Só no túmulo ficou
Enfeitou o caixão com flores
E com lágrimas regou

E em profundo desespero
Ergueu os olhos para o Céu
Clamando por mais uma chance
De cumprir o seu papel

Então, ao abrir os olhos
Viu que só tinha sonhado
E nunca ficou tão feliz
Por ter sua esposa ao lado

E como era bem cedinho
Preparou uma surpresa
Comprou um buquê de flores
E deixou em cima da mesa

E ao lado, uma carta
Expressando seu amor
Relatos de um homem
Que aprendeu o que é valor