quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Direção


Quem só olha para o oeste
Até verá o pôr do sol
Mas jamais o seu nascer

Quem só olha para trás
Verá o caminho já traçado
Mas não o ainda a percorrer

Quem só olha para baixo
Nunca verá folhas na árvore
Só as que caíram no chão

Quem só olha para um lado
Está confortável demais
Pra tomar outra decisão

Quanta gente se maravilha olhando o mar
Sem saber que na verdade aquele sol fica no céu
Quanta coisa a gente perde
Simplesmente por estar num carrossel
Que nunca muda a direção


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Decorar Palavras


Se eu pudesse decorar palavras
Faria uma decoração na frase “eu te amo”
Colocaria um pouco mais de sinceridade
E tiraria toda a falsidade e o engano

(...) Mas frases de amor não se decora.




terça-feira, 14 de agosto de 2012

Alteração Em Ditados


-Em terra de famintos, quem tem feijão é rei.

-Se a vida te der feijões, faça uma feijoada.

-O feijão do dono que engorda o cavalo.

-Quem tem boca, come feijão.

-De feijão em feijão, a galinha enche o papo.

-Em boca fechada não entra feijão.

-Mais vale um feijão no estômago do que dois no mercado.

-O feijão do vizinho sempre é mais apetitoso.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Onda



Uma onda que vai
Outra onda que vem
Antes de tudo o que traz
Leva o que já se tem

Onda, inunda minh’alma
Leva a minha aflição
E traz em teu córrego calma
E paz para o meu coração

Onda que me deixa imerso
Em teu incerto trazer e levar
Só mais uma coisa te peço:
Não leva de mim o teu mar

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Vácuo


A Pegada Apegada


Quem se apega demais, é certo que vai sofrer:

Vai se decepcionar, já que todos são errantes.
Sentir a dor do outro, por compartilhar semblantes.
Vai sentir a falta quando ficarem distantes
Vez ou outra vai pensar: “bem melhor como era antes!”

Mas também é certo que vai sorrir:

Vai ter com quem contar nas horas de agonia
Vai ser compartilhado cada instante de alegria
Quando longe, o coração do outro é moradia
Para sempre vai pensar: “eis o raiar de um novo dia!”

Pois é...

Quem não se apega faz do coração areia
Onde cada pegada some após um tempo incerto
Quem se apega, entretanto, faz do coração cimento
A pegada continua, quando ele estiver concreto


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Quem Nunca?


Quem nunca sorriu querendo chorar?
Quem nunca mentiu pra não magoar?
Quem nunca sonhou que podia voar?

Quem nunca escorregou sentado no corrimão?
Quem nunca passou vergonha na frente da paixão?
Quem nunca usou como copo o pote de requeijão?

Quem nunca esqueceu tudo na hora da avaliação?
Quem nunca tomou vitamina de maçã, banana e mamão?
Quem nunca só lembrou de uma música na hora do refrão?

Quem nunca foi dormir fora e esqueceu a escova?
Quem nunca deixou de sair por medo que chova?
Quem nunca, ao escrever um poema, escreveu alguma coisa só pra completar a estrofe, e perdeu a inspiração e parou de rimar, e terminou logo por não saber mais o que escrever?
Eu nunca.